A distinção de mundojogos vem do inglês gameworld e e tem vindo a ser desenvolvida no Possibility Management. Estas palavras ainda não existem nas respectivas linguas e representam novas distinções que suportam a emergência do novo, da cultura que se segue, das sociedades que se seguem.
Mundojogos são sistemas sociais através dos quais os seres humanos interagem e trocam valor. Cada mundojogo possui um nome, contexto, distinções, valores, propósito, equipa, regras de adesão, regras de funcionamento, lista de errados, entre outros (e.g. moeda). Por exemplo, o serviço postal é um mundojogo onde os participantes seguem regras específicas para enviar e receber correspondência. Outros exemplos são relações, famílias, equipas, organizações, cidades, países, culturas, religiões, bancos, internet, programa de introdução as sociedades regenerativas, Possibility Management, universidades, licenciaturas, impostos, dinheiro, trabalho, sistemas de educação, sistema de saúde, permacultura, entre muitos outros.
A compreensão e a capacidade de distinguir, projetar, construir, habitar, transformar e acabar mundojogos faz parte da educação nas sociedades regenerativas porque, ao contrário dos ecosistemas naturais, os ecosistemas sociais são desenhados pelos Ser Humanos (ciências do artificial do Herbert Simon). As pessoas que co-criam os mundojogos são os construtores de mundojogos (do inglês gameworld builders). Os construtores de mundojogos seguram o espaço para a emergência do mundojogo. A distinção de construtor de mundojogos inclui e transcende a de empreendedores e de intrapreneurs, como os empreendedores tecnológicos, sociais, criativos, de necessidade - estes são construtores de mundojogos, bem como os construtores de países como o Mandela, Xanana Gusmão ou os 11 cavaleiros templários que co-criaram Portugal, de movimentos como o Gandhi ou Me Too, práticas espirituais como Buda ou Gurdjieff, da União Europeia como o Jean Monet, como cada um de nós com as nossas relações e famílias. Com as nossas carreiras e passatempos (hobbies).
A Teoria Eftectuation da Saras Sarasvathy, uma teoria de construção de mundjogos, em conjunto com os trabalhos, a filosofia e o pensamento do Buckminster Fuller são determinantes para uma teoria de mundojogos quer sirva o propósito da evolução cultural e da transformação das sociedades, num paradigma em que todos somos co-criadores
No Possibility Management, um mundojogo é entendido como um ambiente dinâmico criado por duas ou mais pessoas que concordam em se relacionar de acordo com uma história internamente consistente. Estes mundojogos podem ser finitos, temporários (e.g. participar numa conferência) ou duradouros, infinitos (e.g. Portugal tem quase 900 anos). A minha experiência vai na direcção de que as equipas dos mundojogos sejam de 3 ou mais pessoas - nas relações os mundojogos são tipicamente formados por 2 pessoas e a possibilidade é que cada uma das pessoas da relação esteja numa equipa de 3 ou mais pessoas que sejam a equipa da pessoa para a suportar na vida e na relação.
Os mundojogos tem um propósito brilhante (mundo de cima) e um propósito escondido (mundo de baixo). Uma cadeia de supermercados pode ter um propósito brilhante de nutrição, serviço, cura ou sustentabilidade, de facultar alimentos frescos à população num determinado lugar (mundo do meio) e quando notamos o propósito escondido, na sua grande maioria são apenas formas de fazer dinheiro/ dar lucro, de competir. O mesmo se aplica a muitos outros mundojogos como farmacêuticas, bancos, hospitais, escolas, e muitas outras organizações.
Os mundojogos podem ser desenhados para ganhar-perder (eu ganho, tu perdes - competição), para ganhar-ganhar (eu ganho e tu ganhas - colaboração, muitas vezes na versão eu ganho mais e tu ganhas menos com tendência para eu ganho, tu perdes quando a relação de poder é muito sublinhada) ou ganhando acontecendo (ou todos ganhamos à medida que o mundojogo acontece - colaboração criativa).
Para mim, o contexto de um mundojogo é a sua relação com o nível de pensamento em responsabilidade e com o nível de pensamento em sustentabilidade. Neste sentido os mundojogos podem ser degenerativos ou regenerativos. Os mundojogos regenerativos (do inglês gaian gameworlds) são os sistemas sociais cujo funcionamento, operação, acontece em harmonia com os princípios e ciclos naturais da Terra, promovendo sustentabilidade, regeneração e a interdependência saudável entre os seres humanos, a Vida e o Planeta. Os mundojogos degenerativos são todos os outros. Penso que vamos chegar a um tempo em que os mundojogos degenerativos serão considerados um crime, hoje a grande maioria dos mundojogos existentes.
A primeira vez que ouvi este pensamento da criminalização dos mundojogos degenerativos, que subscrevo completamente, foi no TED do Ray Anderson, um construtor de mundojogos que fez a escolha de transfomar o mundojogo onde participava de produção de carpetes, num mundojogo regenerativo, usando Natural Step*.
(*) Ver entrevista I4F Gameworld Builder Interview 0060 - António Vasconcelos (M)
Os mundojogos regenerativos oferecem uma alternativa aos sistemas sociais e económicos atuais, das sociedades de mercado e de impacto. Representam um caminho para a evolução cultural na direcção do bem-estar individual, bem-estar colectivo, bem-estar da Vida e bem-estar do Planeta. São uma manifestação prática das sociedades regenerativas, onde os seres humanos vivem como co-criadores conscientes, alinhados com os ritmos e necessidades da Terra (Gaia é o campo de consciência da Terra em Possibility Management).
Os mundojogos regenerativos tem um propósito de cuidar e regenerar os ecosistemas da Terra (Gaia) e a sua missão transcende o lucro ou o benefício individual, e inclui o bem-estar individual, o bem-estar coletivo e a regeneração planetária. Tendem a ser jogos infinitos, com ganhando acontecendo, e o nível de pensamento em responsabilidade é adulto ou superior e o nível de pensamento em sustentabilidade sustentável ou superior.
A Carol Stamford, pioneira do Desenvolvimento Regenerativo, em particular nas empresas, designava os mundojogos regenerativos os responsible business e os construtores de mundojogos os responsible entreprenuers. Ver o TED. A Carol tem vários livros com distinções e frameworks que podem ser de muita utilidade para construtores de mundojogos regenerativos, em particular na transformação dos actuais ‘negócios’ para munjogos regenerativos.
São estruturas descentralizadas e colaborativas, sem hierarquia, que incentivam a colaboração, a inteligência coletiva e a governação dialógica. São desenhados para se adaptar e evoluir com base no feedback e encorajam a inovação, experimentação e a aprendizagem contínua. A liderança é uma função e não uma pessoa. A continuidade é desenhada. O construtores de mundojogos planeiam a sua saída e fazem o trabalho em equipa.
O trabalho do Frederic Laloux com as organizações integrais ou teal* é particularmente relevante neste contexto. Ver a apresentação.
Ver entrevista, parte 1: I4F Gameworld Builder Interview 0057 - Dunia Reverter (ES)
Um outro trabalho que pode contribuir é o ‘sourcing’ do Peter Koenig, em particular para o desenho da continuidade. Assim como o Dragon Dreaming com o seu ‘tornar colectivo o sonho’.
O microsolidary também oferece o mapa dos 7 níveis de pertença que ajudam a navegar neste tipo de organizações. Bem como o conceito de liderança-que-serve (servent leadership) do Robert Greenleaf.
Evoluem o conceito de propriedade para um conceito de cuidar ou guardião (steward), gerindo os bens comuns de forma responsável, como água, florestas, solos, e o tecido social das comunidades. As terras deixam de ter donos (proprietários) e passam a ter cuidadores. As organizações deixam de ter donos (sócios, accionistas, cooperantes) e passam a ter cuidadores. Asseguram que esses bens sejam preservados e enriquecidos para futuras gerações. Honram o legado que receberam das gerações passadas e cuidam do legado que vão entregar as futuras gerações - pensamento em legado.
O conceito de guardião ou stewardship (no inglês) foi introduzido pelo Peter Block no livro com o mesmo nome.
O conceito de guardião da terra (do inglês land stewardship) pode ser visto no mundojogo em Portugal Fundação Terra Agora, do qual sou co-fundador. O conceito do guardião das organizações (do inglês organizational stewardship) pode ser visto no mundojogo alemão Fundação Purpose, no mundojogo ibérico Krisos* ou na ‘organização de comuns’ que tenho vindo a experimentar.
(*) Ver entrevista parte 2: I4F Gameworld Builder Interview 0082 - Dunia Reverter (ES)
Não é por acaso que todas as culturas socializam as suas crianças através de jogos. Os jogos socializam, nas crianças, os mundojogos, o aprender as regras de adesão e funcionamento, bem como o que não é permitido. O tipo de jogos que jogamos em criança prepara-nos para os mundojogos que vamos jogar, de forma inconsciente, em adultos. Eu joguei mundojogos de concorrência, competição, patriarcado, capitalismo. Felizmente, por ter crescido na Madeira, também joguei de comuns, solideriedade, entreajuda. E por ter nascido no tempo histórico que nasci pude ver o mundojogo do estado social português a emergir e ser beneficiário directo dele, desde o meu nascimento até a minha primeira empresa.
Jogar é uma coisa muito séria como ilustram os trabalhos "Play" de Stuart Brown ou "Free to Learn" de Peter Gray.
A distinção de mundojogo regenerativo é para mim uma das distinções fundamentais no caminho para as sociedades regenerativas porque nos implica a todos e a cada um de nós no processo de transformação social e evolução cultural. Nas nossas relações e famílias. Nas nossas organizações e comunidades. Nas nossas cidades, países e culturas. E em todos os sistemas, desde água, ar, solos, alimentação, energia, transportes, educação, saúde, dinheiro, trabalho, propriedade, economia, arte, prisões, … Não há por onde esconder, escapar. Envolve-nos a todos. Aos Comuns!
Para mim é entusiasmante. Sou um construtor de mundojogos desde que me conheço. Já em miúdo inventava jogos e regras para jogar com os outros.
E para ti ?
Estou a fazer entrevistas a construtures de mundojogos, que estão a co-criar mundojogos, em Portugal, que tem algo que aponta na direcção das sociedades regenerativas (ou das sociedades de impacto). As entrevistas podem ser vistas no link.
Distinções
Mundojogos (gameworlds)
Mundojogos regenerativos (gaian gameworlds)
Construtor de mundojogos
Sociedades Regenerativas
Programas em Sociedades Regenerativas (Fev/Feb)
INTRODUÇÃO ÀS SOCIEDADES REGENERATIVAS, ONLINE, 2as feiras das 18h às 19h30, começa a 10.FEV (Pré-inscrição em link)
EMOTIONAL EMPOWERMENT, ONLINE, ENGLISH, thursdays from 18h to 19h30, starting on 13.FEV (Pre-Registration in link)
EMPODERAMENTO EMOCIONAL, PRESENCIAL, Carcavelos, Sábados, das 10h às 11h30, começa a 15.FEV (Pre-inscrição em link).
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