(Foto do artigo do Huffington Post sobre o Play Out Movement - link)
Apagão
No dia 28 de abril de 2025 tivemos um ‘apagão’ em Portugal: durante cerca de 10 horas (no meu caso) não houve electricidade e deixaram de funcionar todos os sistemas que dependem da electricidade.
Reflexão
Escrevi sobre o tema como posfácio do livro do Matheus Oliveira, Cidades Extraordinárias editado pela Bambual Portugal em 2025. Em traços gerais, a experiência revelou a fragilidade das cidades modernas, dependentes de sistemas centralizados e vulneráveis. O apagão tornou-se um convite: imaginar bairros e cidades capazes de cuidar da sua própria energia, água e alimentos, de regenerar a Vida e de fortalecer laços humanos. Um sinal de que a crise pode ser também um ponto de partida para co-criar cidades extraordinárias.
O choque inicial trouxe medo, incerteza e caos nos transportes, comunicações e abastecimentos. E, ao mesmo tempo, a experiência abriu espaço para reencontros: jogos em família, conversas no bairro, pessoas juntas na rua. Sem energia, surgiu um vislumbre de outra energia — a da presença e da comunidade.
O posfácio pode ser lido na integra no link.
Nas conversas que tive com as pessoas após o apagão, umas sublinharam uma dimensão (do caos e rotura dos sistemas), outras a outra dimensão (tempo para si, para a família, para a comunidade); algumas as duas, como foi o meu caso.
Muitas foram as lições do dia 28 de Abril, como a fragilidade dos sistemas, a falta de ‘espaços seguros’ para Ser em Familia, em Comunidade, a dependência da vida moderna as amenidades da civilização, tipicamente dependentes de energia m particular eléctrica.
O apagão foi reflectido pro vários pensadores no Mundo, um deles o Gregg Branden:
No vídeo — intitulado “The Day 60 Million People Went Dark—and What Comes Next” — Gregg Braden refere o grande apagão que afetou milhões de pessoas. Ele aborda o impacto dramático do evento, descrevendo como 60 milhões de europeus foram subitamente privados de luz e eletricidade — o que não foi apenas uma falha técnica, mas um chamado para repensar a nossa relação com infraestrutura, comunidade e resiliência.
Inspiração
Os bombeiros fazem simulações de fogos (no inglês firedrills). Os informáticos fazem simulação de situações que podem acontecer aos sistemas informáticos (também designados firedrills). As escolas fazem simulações se incêndio e terremotos. Para saberem o que pode acontecer e como proceder, para simular, para ver o que funciona e não funciona, para que cada um de nós possa estar preparado, o melhor possível, para uma situação de rotura que pode colocar a nossa vida em jogo.
No livro que dá o nome a este texto, E SE, Rob Hopkins fala de um mundojogo o Playing Out Movement que, durante um período de tempo, fecha uma rua para as crianças e famílias virem para a rua brincar, conviver, conversar, partilhar refeições e outros.
Este E SE… inspira-se no apagão no Playing Out Movement.
E SE...
… tivéssemos um 'apagão' programado todos os meses ?
E SE…
“E SE…” é um espaço no canal, onde crio possibilidades de experimentação para pessoas, famílias, equipas, organizações, comunidades poderem entrarem nas Sociedades Regenerativas e experimentarem modelos diferentes de colaboração, organização, financiamento, educação, bem-estar, …
É um espaço inspirado pelo livro E SE… do Rob Hopkins, co-fundador do Movimento Transição, que a Bambual Editora publica em Português.
Neste E SE… abrem-se portas de experimentação para:
Testar a resiliência dos nossos vários sistemas e fazermos ajustes/ melhorias continuas com vista a aumentar as qualidades anti-frágeis do sistemas (e.g. eléctrico, internet, comunicações, água, aprovisionamentos, transportes)
Desenharmos redundâncias nas várias escalas, desde os indivíduos, famílias, bairros, cidade, regiões e países
Aumentarmos a autonomia de cada sistema/ mundojogo
Aprendermos a fazer a nossa vida de forma diferente, menos dependente dos sistemas centrais
Diminuirmos o impacto ecológico (e.g. poluiçaõ, consumo de energia) e dar um tempo para a recuperação de ecosistemas (uma lição que os recolhimentos do Covid trouxeram)
Preparar-nos para lidar com momentos colectivos mais desafiantes de rotura colectiva em parte ou todo - ‘todos para a rua’
Promover a ligação entre as pessoas e virem para a rua brincar, conviver, estabelecer laços; vizinho que vem para a rua comer em conjunto; famílias que vem para a rua brincar
Nestes dias podem-se fazer actividades de bem~estar ao ar livre como yoga, biodanza, alimentação crua, hortas e plantar alimentos, desporto e brincar, …
Co-criar projectos locais como Comunidades de Energia, Redes locais de alimentação, …
Aprender a viver (detox) da vida electrónica, digital (e.g. TV, Internet, Jogos de computador) - promover o contacto e ligação social de todas as idades
Diferentes mundojogos, como hospitais, escolas, serviços públicos, poderem testar e experimentar situações de colapso e rotura
Estimular a vida local e as relações locais que criam resiliência em todos os níveis