Prefácio
Este prefácio é uma celebração da Faia Brava. E uma chamada à comunidade das Sociedades Regenerativas para seguir o exemplo da Faia Brava, pois há poucos dias chegou-em o livro comemorativo dos 25 anos da Faia Brava - cortesia do António Araújo, na sequência da entrevista que o António fez para o Innovations for the Future.
Abaixo farei um pequeno caso de estudo da Faia Brava, apoiado pelo seu livro e outras referências e dou nota do projecto de Santuário Floresta com a Eternal Forest:
Entrevista com António Araújo - Faia Brava
Projecto Faia Brava - Eternal Project
Entrevista com Evgenia Emets - Eternal Forest
Lembrei-me de uma conversa, em Julho de 2025, no ISEG com alguns investigadores/ académicos onde se falava da necessidade de ter casos de estudo, de mostrar o que esta a acontecer em Portugal nesta área das ‘Sociedades Regenerativas’ e que incluí os mundojogos e as pessoas que os co-criaram há poucos dias, há 5 anos, há 10 anos, há 20 anos, há 30 anos, há 40 anos, há 50 anos e por ai forma - a Agrobio e a Biocoop há mais de 30 anos, o Instituto Macrobiótico e a Provida foram criados há cerca de 40 anos e a Sociedade Portuguesa de Naturologia em 1912 - 113 anos. Vamos nos ombros de muitas outras pessoas e mundojogos, pioneiras em Portugal. E precisamos ter as suas histórias, os seus casos. Quem escreves estes casos ?
E faço a chamada para outros fazerem, a exemplo da Faia Brava, os seus livros de caso; estou-me a lembrar de (falo de uma pessoa em nome de todos os construtores de mundojogos e equipas):
Vale da Lama - Nita Barroca - são 30 anos de caminho; e quem chamas para contar a historia da Permacultura em Portugal ?
Tamera - Peter Koll - são mais de 30 anos de caminho
Herdade do Freixo do Meio (Reserva Privada); Alfredo Sendim - são quase 30 anos de caminho
Oficinas do Convento - Tiago Frois - são quase 30 anos de caminho
Constelações em Portugal - Paula Matos - são quase 30 anos de caminho
Goodmood e Festival Boom - Artur Mendes - são quase 30 anos de caminho
Psicologia Positiva em Portugal - Helena Marújo - são quase 30 anos de caminho
IES - Miguel Martins, és tu que pegas nesta tarefa de escrever o que o IES iniciou e tudo o que veio a seguir ? Talvez seja uma tarefa para várias mãos e está história precisa ser escrita.
S. Luís - André Vizinho - são mais de 15 anos de caminho começando com a Aldeia das Amoreiras - o mapa que está na parede do Centro Co-Re.
Movimento Transição e CE3C - Gil Penha-Lopes, talvez esta tarefa seja a várias mãos - são mais de 15 anos de caminho
Biovilla - Filipe Alves - são mais 15 anos de caminho
MUBI e movimento da mobilidade urbana em bicicleta em Portugal - Mário Alves - são mais de 15 anos de caminho
Rebundance - Livia Tirone - são mais de 15 anos de caminho e não estou a incluir todo o teu rico percurso - que também deveria ser escrito
Monte da Orada - David Lameiras - são mais de 15 anos de caminho
Cerdeira - Home for Criativity, José Serra e família - são quase 15 anos de caminho
Mertola Lab e a Associação Sintrópica - Marta Cortegano - são mais de 10 anos de caminho
Cooperativa Minga e o Movimento das Cooperativas Integrais - Jorge Gonçalves - são mais de 10 anos de caminho
Coopernico - Miguel Almeida - são mais de 10 anos de caminho
Awakened Life Project - Pete Bampton - foram mais de 10 anos de caminho - é uma história que precisa ser contada
Quinta Ten Chi - Rita Venturini - vamos a caminho dos 10 anos de caminho e de muita experimentação importante para todos nós
Talvez Nuno Brito Jorge, Barbara Leão, Filipe Almeida possam escrever sobre fundos de impacto (e.g. go parity, 3x PGlobal, Portugal Inovação Social)
Talvez Filipe Alves, José Pinto, Sérgio Lopo, Paulo Carvalho possam escrever sobre moedas locais e alternativas (e.g. Moeda Livre, QCoin, Seeds, Value Flow)
Talvez Filipa Dobos, Ivan Sellers, Joana Lages possam escrever sobre propriedade e evolução da propriedade (e.g. Terra Livre, Fundação Terra Agora, Community Land Trusts)
Talvez Virgilio Ferreira e Evgenia Emets possam escrever sobre as Artes (e.g. Ci.clo, Eternal Forest)
Talvez a Helena Marujo, a Helena Freitas et all possam escrever sobre as Cátedras UNESCO ligadas as estas áreas (e.g. Sustentabilidade, Educação para a Paz)
Talvez o António Vasconcelos, o Nuno Oliveira, a Sofia Santos, Nuno da Silva, Constança Belchior possam escrever sobre as Organizações (.e.g Natural Step, INSURE HUB, NBI, Lucida)
Em breve, teremos os livros do Vasco Gaspar sobre o deep-u e da Joana Cruz e Ana Paula Ribeiro sobre saúde em sociedades regenerativas.
Há muitos outros. Se estas a ler este post e os conheces, faz chegar-lhes a chamada, este convite a tornar visível o trabalho que estamos a co-criar. A Bambual Editora Portugal está disponível para editar estes livros de caso, ou se eles já existirem ter no seu catálogo para sabermos onde estão quando precisamos.
Introdução
A Faia Brava, localizada no Vale do Côa, em Portugal, é a primeira área privada de conservação da natureza no país. Com cerca de 1200 hectares ao longo do curso inferior do Rio Côa (Concelhos de Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo), representa um modelo inovador de regeneração ecológica, gestão de territórios abandonados e promoção da biodiversidade. A reserva é gerida pela Associação Faia Brava e integra iniciativas internacionais de rewilding, como o programa Rewilding Europe.
Nasce de uma paixão dos seus iniciadores, Ana e António, pela conservação da natureza e observação das aves nos seus habits naturais.
Contexto
A região da Faia Brava encontra-se numa área de baixa densidade populacional, marcada pelo abandono agrícola e florestal nas últimas décadas. O abandono do uso intensivo da terra abriu oportunidades para novos modelos de uso regenerativo e de conservação da natureza. A associação viu neste território uma oportunidade para:
Conservar habitats naturais ameaçados;
Reintroduzir espécies nativas;
Experimentar práticas de rewilding;
Promover o ecoturismo e a educação ambiental;
Reativar a ligação entre comunidades locais e o território.
Abordagem
A Faia Brava pode ser enquadrada como um exemplo prático de conservação da natureza, com os seguintes princípios:
Restauro ecológica: recuperação de ecossistemas através da não intervenção direta, da reintrodução de grandes herbívoros (como cavalos garranos e vacas maronesas) e do abandono de práticas agrícolas intensivas.
Gestão comunitária e participativa: a gestão da reserva é feita por uma associação sem fins lucrativos que envolve voluntários, cientistas, escolas e visitantes.
Economia de impacto: geração de rendimentos através de ecoturismo, voluntariado internacional, produção de conhecimento científico e projetos europeus de conservação.
Propriedade associativa privada: embora a terra seja propriedade privada da associação, a sua função é orientada para o patrímonio ecológico e social.
Resultados
Ecológicos
Aumento da biodiversidade, nomeadamente espécies de aves ameaçadas como a águia-real, o britango e o grifo.
Reintrodução de grandes herbívoros que promovem a abertura da paisagem e o controlo natural da vegetação.
Regeneração natural de florestas autóctones e melhoria do solo e das linhas de água.
Sociais e Económicos
Primeira Reserva Privada e Movimento das Reservas Privadas (rede de áreas protegidas privadas, ao presente 4 em Portugal)
Criação do primeiro Santuário Floresta em parceria com a Eternal Forest
Criação de emprego e oportunidades de turismo sustentável.
Parcerias com universidades e centros de investigação.
Valorização do património natural e cultural da região.
Integração com escolas locais e ações de educação ambiental.
Mbilização da população local (e internacional) para a conservação da natureza activa
Culturais
Articulação com o movimento cultural das gravuras de Foz Côa - a Faia Brava também tem gravuras
Intervenção artística moderna com os valores da Conservação da Natureza como o Eternal Forest
Revalorização do conceito de rewilding como uma forma de reconexão com a natureza.
Mudança de paradigma de conservação — da proteção passiva para o restauro ativo
Desafios
Sustentabilidade económica a longo prazo — a reserva depende parcialmente de apoios e financiamento externo.
Risco de perceção negativa por parte de populações locais que podem sentir-se excluídas ou desconfiadas do modelo de “abandono produtivo”.
Necessidade de articulação com políticas públicas e ordenamento do território.
Aprendizagens
É possível restaurar territórios degradados através de abordagens baseadas na natureza e com baixa intervenção humana direta.
A propriedade privada pode servir o interesse público quando orientada por princípios éticos e de sustentabilidade.
Modelos de governação em torno do interesse público podem ser aplicados com sucesso mesmo em territórios não públicos.
O rewilding tem um forte poder narrativo e educativo para promover mudanças culturais e ecológicas.
Mapa das Sociedades Regenerativas
Usando o Mapa das Sociedades Regenerativas, apresentado no livro “A Emergência das Sociedades de Comuns”, Marco de Abreu, 2025, para fazer sentido deste caso temos:
Contexto
Mundojogo Regenerativo
Nível de pensamento em responsabilidade: Adulto Maduro/ Alto
Proteger paisagem e ecosistemas.
Começar a resolver os impactos criados por outras gerações.
Nível de pensamento em sustentabilidade: Restaurativo
Conservar e Restauro.
Natureza regenera.
Nível de pensamento em transparência: Informativo/ Aberto
Colocar informação disponível para activar a co-criação (e.g. Parque do Côa, Eternal Forest, Movimento Reservas Privadas)
Mapas
Conservação, Proteção, Restauro da Natureza.
Manter e recuperar ecosistemas.
Rewilding.
Turismo regenerativo.
Consciência
Não tenho informação nesta área.
Inconsciente
Não tenho informação nesta área.
Natureza
Foco principal. Para além da conservação, destaca-se a educação e reconecxão com a natureza.
Equipas
Classica nas associações. Hierarquia.
Desconhecido
Presente no desenvolvimento do projecto em particular nas estruturas de financiamento.
Núcleo mais próximos de associados lida com o tema.
Mapa das Sociedades de Comuns
Usando o Mapa das Sociedades de Comuns, apresentado no livro “A Emergência das Sociedades de Comuns”, Marco de Abreu, 2025, para fazer sentido deste caso temos:
Bem-Comum:
Ecosistemas naturais ‘selvagens’
Comuns:
Associados da Faia Brava
Legado:
1000 ha de reserva natural protegida (privada)
Propósito:
Protecção, Conservação e Restauro de ecosistemas. Preservação.
Organização de comuns:
Anel de Legitimidade: e.g. ICNF, Fundações Europeias, LIVE
Anel de Conhecimento: e.g. Associados; Parceiros locais
Anel de Missão: Direcção e equipa; voluntarios.
Propriedade de Comuns:
Associação é proprietária dos terrenos
Ética de comuns:
Conservação e Protecção
Economia de Comuns:
Financiamento público Português e Europeu
Fundações e outras instituições do 3º sector
Serviços de ecosistema
Voluntariado
Turismo regenerativo
Referências
Associação Faia Brava) – www.faiabrava.org
Araújo, A. et all (2025) - Faia Brava 25 anos - Criamos espaços para a Natureza
Carlos Cupeto (Julho, 2025), Revista Visão, Faia Brava - A Arte da Natureza
Rewilding Europe – Faia Brava Reserve: https://rewildingeurope.com/areas/greater-coa-valley/
Abreu, Marco (2025). A Emergência das Sociedades de Comums. Bambual Portugal.
Casos de Estudo
Faia Brava (Portugal)
Buurtzorg (Holanda)
Últimas entrevistas
I4F Gameworld Builder Interview 0095 -Nuno Carvalho (U) - Rewilding Sudoeste
I4F Gameworld Builder Interview 0094 -António Araújo (G) - Faia Brava
I4F Gameworld Builder Interview 0093 - Tiago Quintans (N) - Coop Uma Boa Questão
Outras Newsletters
Grupo SIGNAL (Innovations for the Future)
Propósito: Para suportar a colaboração e partilha entre as pessoas que estão a co-criar mundojogos regenerativos; usa-se a lingua inglesa e portuguesa.
link (https://signal.group/#CjQKIFIYJhI2gwlgQQAwPGcRjKnStBl2IzZtFVhs0JQOROeEEhDkVCawDwDz4WE1nfkpHpZ3)
Sobre o Innovations for the Future (I4F)
Nota: o grupo telegram esta a ser descontinuado.