5 princípios para a evolução da educação
A ‘educação’ é um grande tema nas sociedades contemporâneas; a universalização da educação no mundo ocidental é uma das conquistas do estado social e do movimento liberal dos últimos 200 anos (a que eu chamo o movimento dos comuns); e ao mesmo tempo uma das causas das dificuldades que vivemos: o que socializamos nas escolas nestes 200 anos trouxe-nos até ao limite de uma determinada forma de pensar das sociedades humanas.
Um padrão emergente é que, quando uma comunidade começa a fazer a sua transição, as escolas são uma das funções/ serviços que se seguem e que as pessoas procuram, uma escola alinhada com os seus valores, podemos encontra isso na Idanha-a-Nova com o projecto Clonlara Portugal, em Lisboa com a Vila e a Florescer, em Mafra com a Enraizar, Odemira com a Escola da Esperança (Tamera), em Aljezur com a Quinta da Corema e muitos outros, para já não falar da explosão do ensino doméstico e dos projetos descentralizados como a Brave Generation Academy. O Frederico Fezas com o Yunus Social Innovation Center (Católica-Lisbon ) está a criar condições para apoiar estes projectos de inovação social (que inclui a ecologia).
O Otto Scharmer, inovador social e co-autor da teoria U, caracteriza os 4 estágios de desenvolvimento:
Sociedade 1.0: a educação tradicional centrada no professor
Sociedade 2.0: aprendizagem rápida, aprender rápido para aplicar rápido (sociedade de marcado)
Sociedade 3.0: Focado na aprendizagem
Sociedade 4.0: Activação de ciclo de aprendizagem profundos
A grande maioria dos sistemas de educação estão na sociedade 2.0. Em alguns contextos vemos emergir a sociedade 3.0 como por exemplo no sistema Filandês. Em Portugal na Escola da Ponte e no movimento da escola democrática que se iniciou aí com o José Pacheco. Na América do Sul, onde o Brazil é um importante inovador, o movimento cresce todos os dias como é exemplo as ‘escolas abertas’. José Pacheco, pedagogo Português, diz que a evolução da educação vem do Sul e dos pensadores do sul como o Paulo Freire. O foco é sobretudo a Sociedade 3.0.
Destaco aqui também o movimento das escolas Waldorf que sendo sobretudo focadas no 3.0 (e já com anos de 100 anos de experiência), o seu originador, Rudolf Steiner, era um pensador integral e visionava a activação de ciclos de aprendizagem profundos como o Otto aponta para a Sociedade 4.0.
No contexto de adultos o Otto com a U-School esta a trabalhar nesta direcção e o gameworld de Possibility Management, bem como do Regenerative Development são comunidades onde se procura trabalhar esta aprendizagem de uma sociedade 4.0, baseada na consciência e na activação dos corpos energéticos e arquetípicos no mapa dos 5 corpos do Possibility Management.
Ao nível dos mais novos são poucos os projectos onde se caminha para os mecanismos da educação na sociedade 3.0 e e experimenta nesta direcção. Dos projectos que conheço talvez a APAS co-criada pela Maria e Pedro seja o melhor exemplo. As experiências para a sociedade 3.0 já são múltiplas e com uma diversidade de oferta já assinalável em todo o pais.
Em Agosto de 2022 fiz um possibility lab focado na cura da minha passagem pela escola e pelo sistema de educação, e eu estive no sistema (público) 26 anos pois fui até ao doutoramento. Durante 5 dias intensos diz processos de cura e limpei a minha passagem pela escola, pela educação, sobretudo final de 1.0 (sim, ainda apanhei este sistema em funcionamento) e 2.0. Tendo nascido 3 anos da revolução de Abril, quando entrei na escola apanhei os efeito da revolução e fui cobaia de escolas, cursos, programas, … as condições eram contentores, ou construções provisórias e os professores, na sua grande maioria, jovens. O estado social Português estava a nascer.
Apos esse processo de cura e resgatar a minha autoridade das figuras de autoridade da educação, incluindo o próprio sistema, comecei a ser convidado para fazer programas nas várias idades, desde os 12 até aos 23 anos.
Quando estava no João Sem Medo, uma amiga, a Helena, disse-me que eu era um educador. Eu disse-lhe que não era assim que me via, que era um empreendedor, um gameworld builder e não um educador. E ela dizia, que era eu educador, mesmo que não me reconhecesse como tal. Grato Helena por teres sido das primeiras a notar. Levei quase uma década após essa conversa com a Helena e muita cura, para me reconhecer como educador. Foi determinante o lab de cura da minha passagem na escola, a participação no projecto educativo Vila e agora o Centro Ecológico Alcanforado para a iniciação de jovens a idade adulta, e a colaboração com o José no ISEG. As leituras do Agostinho da Silva, do José Pacheco e do Carl Rogers foram decisivas em tornar visível em mim esta dimensão. E estar-me a descobrir como pai de 3 adolescentes: como segurar o espaço para a sua crescente autonomia e experimentação ? quem sou como homem e pai ?
Neste processo destilei 5 princípios para a evolução da educação e que me vejo a adoptar na minha acção.
A escola democrática (e.g. Escola da Ponte em Portugal ou a Escola Aberta em São Paulo) são baseadas em 2 princípios: ‘a autogestão dos participantes na aprendizagem’ e ‘a não hierarquia e alegria no aprender - aprendizagem focada no indivíduo e nos seus interesses’.
Uma educação que prepare pessoas para o futuro, face a minha observação, precisa de mais 3 princípios:
Reconhecer que a aprendizagem acontece em 5 corpos (multidimensionalidade do Ser): físico, intelectual, emocional, energetico e arquetipico; as Escolas Waldorf seguem em 4 corpos (o energético e arquetípico estão juntos). A escola da cultura moderna (sociedade 2.0) está focada no corpo intelectual e tem vindo a trabalhar o corpo físico pela perspectiva do 'fazer exercício'
Reconhecer que a aprendizagem acontece na natureza em relação com a natureza, cultivando uma aprendizagem experiencial. A Pedagogia Waldorf assenta neste princípio, assim como as Forest Schools. A escola da cultura moderna, e incluindo muitas das escolas democráticas, não cultivam este princípio e dão mais importância a aprendizagem verbal (realidade verbal) do que a experienciar (realidade experiencial)
Reconhecer que a tecnologia faz parte da nossa cultura e que há um uso ético e uma literacia digital e tecnológica. Vemos que a grande maioria do jovens e da população que utiliza tecnologia (e.g. telemóvel, computador, internet) tem medo de não conseguir sobreviver sem tecnologia - TECHNOPENURIAPHOBIA, tornando-se 'adicto' as tecnologias sejam uso de telemóvel, redes sociais, jogos entre outros. O uso ético de tecnologia, incluindo a IA, é hoje um dos temas chave para criar possibilidades futuras.
Escola do Freixo (Viana do Castelo) e o Park-IS são exemplos de escolas que dão vida a este princípio, bem como o projecto Khan Academy que tem usado IA na tutoria aos seus 'alunos' (ver https://www.ted.com/talks/sal_khan_how_ai_could_save_not_destroy_education).
Resumindo os 5 princípios:
1. Aprendizagem em 5 corpos do Ser Humano
Um bom exemplo são as escolas Waldorf que trabalham em 4 corpos.
Entrevistas
Maria Nolasco com a Escola da Vila
Teresa Mendes com o projecto educativo Florescer
Jose Donado com o Centro CO.RE
Helena Marujo com a Catedra UNESCO: Educação para a Paz Global Sustentável
2. Governação dialógica e participativa de quem participa na Aprendizagem
Escolas Sociocraticas / Escolas Democráticas
Entrevistas
Marianne Osório com as Escolas Sociocráticas
Teresa Mendes com o projecto educativo Florescer
Jose Donado com o Centro CO.RE
Maria Coelho Rosa com a between
Nita Barroca com o programa Novas Descobertas
Helena Marujo com a Catedra UNESCO: Educação para a Paz Global Sustentável
3. Aprendizagem individual e baseado nos meus interesses
Pedagogia Aberta / Escolas Democráticas
Entrevistas
Aron Areias com a Universidade Comunitária
Jose Donado com o Centro CO.RE
Teresa Mendes com o projecto educativo Florescer
Maria Nolasco com a Escola da Vila
4. Aprendizagem experiência e em comunhão com a Natureza
As escolas waldorf e as escolas da floresta são bons exemplos.
Entrevistas
Vanessa Aires com as Forest Schools
Maria Nolasco com a Escola da Vila
Teresa Mendes com o projecto educativo Florescer
Jose Donado com o Centro CO.RE
5. Aprender para a Tecnologia
Os exemplos que melhoram espelham este princípio é a Escola do Freixo, Park-IS, Kahn Academy.
Sublinho que não conheço nenhuma escola que esteja a trabalhar os 5 princípios de forma integral. A rede de ecoversidades (ver entrevista com a Catarina Rosa) tem muitos destes projectos que estão a experimentar nas fronteiras da cultura moderna no tema da educação.
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Entrevistas relacionadas com o tema da educação, seja de crianças, jovens ou adultos, formal, ou informal, universitária ou não universitária:
Maria Coelho Rosa com a between
Maria Nolasco com a Escola da Vila
Nita Barroca com o programa Novas Descobertas
Helena Marujo com a Cátedra UNESCO: Educação para a Paz Global Sustentável
Frederico Fezas com o Yunus Social Innovation Center (Católica-Lisbon )
Vanessa Aires com as Forest Schools
Catarina Rosa com as Ecoversidades
Marianne Osório com as Escolas Sociocráticas
Teresa Mendes com o projecto educativo Florescer
Aron Areias com a Universidade Comunitária
Jose Donado com o Centro CO.RE
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